A história do povo afrobrasileiro é marcada por episódios de violência e desrespeito, mas também de resistência popular e de conquistas. Se a discriminação e o preconceito, ainda hoje, são reais em nosso país, a trajetória de lutas do povo negro mostra que o enfrentamento e a superação de estigmas são possíveis.
De fato, cada vez mais, o negro ocupa lugares de destaque na sociedade brasileira, revertendo paulatinamente a situação de exclusão a que esteve submetido desde a diáspora africana. Embora as conquistas sejam inegáveis, a situação ainda está longe do ideal: no Brasil, a população afrodescendente apresenta os piores indicadores socioeconômicos e tem uma reduzida participação nas esferas do poder político, nas universidades e na direção de grandes empresas.
Ao longo de sua trajetória, desenvolvendo pesquisas, oficinas e variadas atividades artísticas, o Odum Orixás coloca a cultura afrobrasileira em evidência, descortinando os vários aspectos de nossos costumes e de nossa vida cotidiana que sofreram influência direta de referências de matriz africana. Nesse processo, ao colocar a cultura negra em primeiro plano, o coletivo abre espaço para o reconhecimento da contribuição afro para a construção do país e traz para a cena pública o debate sobre a questão étnica e sobre os lugares dos povos afrodescendentes no Brasil.
Num país em que os racismos, seja de forma explícita ou velada, ainda representam um sério empecilho para a inclusão e para o efetivo desenvolvimento social, iniciativas como a do Odum Orixás são imprescindíveis para a renovação de discursos atrasados e estigmatizantes. Por meio de uma forte atuação cultural, com evidentes desdobramentos políticos, o grupo faz a sua parte para afirmação da identidade e dos direitos de cidadania do povo negro no Brasil.